quarta-feira, 20 de outubro de 2010

Civilização sem perfeição

Era como estar no berço do inferno. Assim eram as ruas imundas da Grande São Paulo. Pessoas ali dormiam, comiam e conseguiam sobreviver. De dia era como estar em meio ao lixão – só restava a sujeira das noites passadas.
Eu ainda não tinha aprendido a viver naquele mundo. Ainda era meu segundo dia jogado pelas ruas, somente com a roupa do corpo, um velho violão carregado nas costas e uma garrafa quase vazia de algum vinho barato.

Os bares, as meretrizes, os mendigos. Era de se assustar a primeira vista, mas no fundo todos sabiam que cada ser ali tinha uma alma e um coração.
Sexta-feira era dia de festa. Decidi que depois de ganhar alguns trocados, iria para um bar – matar a vontade de mais um gole de álcool.

O logotipo era chamativo – mas feito de um material de baixa qualidade. Era como estar entre suínos. Havia um cheiro medonho de cigarro e álcool no ar. Tentei encontrar ali no meio um modo de respirar. Homens bêbados e mulheres depravadas cantavam músicas dos anos 70. Divertiam-se, rindo sozinhos e deixando o corpo ser tomado pelo desejo.

Essas eram as noites paulistanas. Agitadas, insanas e sedentas por pecado – assim como eu, muitas vezes. Só quero poder voltar para casa e sonhar novamente com ela. Mas eu sei que antes da vida sem turbulências, eu cai na desgraça e hoje só tento me levantar.

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