domingo, 31 de outubro de 2010

a pequena garota (parte I)

A garota que se olhava no espelho e ria de si mesmo, tinha a auto-estima alta. Sorria sempre, pois sabia que estava bem e agora poderia sorrir – existia alguém que a fazia sorrir.
Cheia de sonhos e pesadelos, só sabia tocar seu velho violão e esquecer o mundo. Ao olhar o céu enxergava a esperança de um dia buscar as estrelas.
Sentada no canto do quarto, com os fones de ouvido tocando músicas antigas ou as que ninguém conhecia, tentava pensar na vida de formar difícil. O fácil era obvio demais para ela.
Preferiu sofrer, sangrar – para manter-se viva. E agora é mais difícil – então isso seria algo bom?
Não sei dizer ao certo, mas a garota cresceu e hoje sabe olhar nos olhos de todos sem medo – destrinchando as almas perdidas e falsas do mundo imundo, com toda luxúria e insanidade.
É difícil tentar explicar como aquela pequena garota – que ainda é pequena – sobreviveu nessa selva. Ela nunca precisou dizer nada a ninguém – a não ser ela mesma. Na infância era só. A família sempre privou das amizades. Mesmo tendo apreço por muitas pessoas, tinha que se esconder.
O mundo caiu aos seus pés. E ela não sabia como lidar. Tinha somente 11 anos e descobrira o seu dom. Só precisava observar.
Enquanto isso os espíritos e monstros continuavam por perto – pareciam cuidar dela. O déjà vu era constante. Ela tinha se acostumado a lidar com todos os seres estranhos que somente ela conhecia. Não eram seres humanos.
Talvez o maior pesadelo fosse quando conheceu os seres humanos. Eles eram complexos demais para aquela pequena menina. Aos poucos aprendeu que eles podiam dominá-la. Logo então se livrou deles.
- Saiam daqui seus vermes nojentos e parem de sugar minha alma.

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