quinta-feira, 16 de setembro de 2010

E o silêncio paira

Era apenas mais uma sexta-feira, dia de aulas simples e sem grandes atrativos. Os alunos da sala 13 gostavam desse dia, pois era como um dia para fazer nada - o prazer do ócio. O velho professor de química entrou na sala e começou a dar sua matéria.
Era inevitável que algum dos alunos pensasse que tal aula matava-os cada dia mais: "esse velho não sabe nem mesmo o que é um átomo. Que o tempo voe hoje".
A última aula já chegava, e os alunos já não agüentavam mais ouvir a voz do mestre. Era sexta; dia para ir às baladas e se divertir muito. Mas algo parecia não correr bem. O professor, percebendo que a sala estava totalmente desligada da aula, parou de escrever e sentou-se. "Estou cansado e quero ir para casa. Os alunos já não querem nem me ver pintado de ouro. Hoje é sexta e o que eles mais querem é sair daqui correndo".
Faltavam ainda 15 minutos para que o sinal soasse. O silêncio pairou pela sala. As paredes pareceram congelar e a porta tremeu calmamente com a brisa. Era pura agonia para os alunos: olhar o relógio e o professor. "Pelo amor de Deus, alguém me tira daqui rápido!" - cinco minutos e pronto, estavam todos livres. O professor, de pé novamente, parou em frente a porta e abriu-a. Saiu gritando pelo corredor. O diretor apareceu e logo lhe deu o pedido de demissão. Era seu ultimo dia, e seus companheiros de todos os dias, seus alunos, não tinham valorizado.
"Vou sentir falta dele." A sala 13 foi fechada definitivamente. O silêncio pairou eternamente.

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